Uma pessoa me perguntou se eu
estou a favor das manifestações populares por estar com raiva DO SISTEMA, por
ter sido preso (após a greve da PMBA em 2012), sugerindo que foi a prisão que
me mudou, que “ESTOU PENSANDO ASSIM” por ter sido preso...
Eu não “ESTOU PENSANDO ASSIM” por
ter sido preso, EU FUI PRESO POR PENSAR ASSIM!
Eu uso um uniforme e sigo
regulamentos, mas a minha dignidade, a minha essência, a minha cidadania não
serão SUFOCADAS por eles!
Dirijo-me agora aos companheiros policiais de unidades especializadas e oficiais:
Vocês tiveram a oportunidade de
lutar ao nosso lado em 2001, e não vieram...
Em 2012 novamente tiveram a
chance, mas preferiram fazer parte do cerco, cerceando os direitos dos seus
irmãos a mando do sistema.
Graças a nossa luta, os
benefícios (ainda que poucos) foram para TODOS, mas apenas os que lutaram
pagaram com suas liberdades, e ainda respondem a processos podendo ser
demitidos...
Mas faríamos de novo!
Naquele momento, uma pequena
parcela da sociedade nos apoiou, e foi uma grande conquista, pois sempre fomos
seus algozes, e agora tínhamos a
possibilidade de amadurecer com isso, de aprender o que é estar do outro lado
do cordão de isolamento, de sentir as balas de borracha, de sentir as ameaças
de quem não é nosso inimigo, mas está apenas “cumprindo ordens”...
Deveríamos ter aprendido com o
General GONÇALVES DIAS, que foi um HERÓI por ter evitado um confronto maior,
respeitando os direitos daqueles que ali estavam, por entender que não eram
“inimigos”, e cumprir determinações é uma coisa, não ter bom senso é outra.
Hoje, vejo a sociedade gritar
“Policia pode esperar, a sua greve vai chegar”, e me sinto na obrigação de
explicar a quem eu consigo fazer-me ouvir (ou ler):
Os que fizeram a greve são os
mesmos que estão APOIANDO A SOCIEDADE CIVIL!
Os que arriscariam suas CARREIRAS
em uma greve, são os mesmos QUE SE ARRISCAM AO APOIAR o atual movimento social,
inclusive, INDO ÀS RUAS!
Coincidentemente, os que não nos
apoiaram e ficaram contra, são os mesmos que fazem com que a sociedade
afaste-se de nós mais uma vez!
Existem exceções nas
especializadas, existem exceções no oficialato, existem exceções nos
manifestantes (onde marginais se infiltram com segundas intenções), e existem
exceções entre os PMs regulares...
Vamos nos olhar no espelho, depois
vamos olhar nossos irmãos nas manifestações, somos todos iguais, vamos dar o
tratamento que gostaríamos de receber.
Ajam dentro das suas convicções,
das suas essências, e mesmo que tenham que ser enérgicos (sim, será preciso em
algum momento), sejam dentro dos princípios da legalidade, proporcionalidade, necessidade e finalmente,
na conveniência da ação.
O que vocês querem contar aos
seus netos?
Sd PM Ivan Leite, Cidadão
Policial Militar e integrante do POVO!